O Irão, de forma a instalar e desenvolver o seu programa nuclear beneficiou e continua a beneficiar do apoio tecnológico e diplomático de países como o Paquistão, a Coreia do Norte, a China e a Rússia.
O Paquistão é encarado como o principal responsável pela criação de um mercado negro de proliferação nuclear. De forma encoberta o Paquistão vendou tecnologia e equipamentos para os programas nucleares não só do Irão mas também da Coreia do Norte e Líbia. Um escândalo vindo a público em 2004 mostrou o rosto do principal responsável por este negócio sujo, Abdul Qadeer Khan, um famoso cientista paquistanês, o pai da “bomba islâmica”. De nada lhe vale o seu pedido de desculpas, uma vez que a sua acção em muito tem contribuído para a crescente instabilidade e receio do mundo ocidental.
Relativamente á aliança sino-iraniana, desde o tempo do Xá que a China encara o Irão como um aliado. Na altura, em pleno clima de Guerra-fria, China e União Soviética, os dois gigantes do comunismo, encaravam o território iraniano como uma mais valia estratégico-energética. Ambos os países encontravam-se extremamente interessados no petróleo existente no Irão, de forma a aumentarem a sua capacidade económico-militar. Ao mesmo tempo que, já na altura, tentavam que este país não caísse na esfera americana.
Aquando da Guerra Irão-Iraque, 1980~1988, Pequim sempre esteve ao lado dos iranianos vendendo-lhes avultadas quantias de armas, como garantia da venda de petróleo.
Quanto ao apoio nuclear, o primeiro acordo data de 1985 abrangendo o fornecimento de material e a formação de cientistas. Nos anos seguintes, tendo sofrido fortes pressões norte-americanas, Pequim abrandou a sua ajuda.
O petróleo constitui o principal interesse chinês relativamente ao Irão, uma vez que estes pais é o segundo maior produtor dos países que constituem a OPEP. Em 2004, os dois países assinaram um acordo prevendo a compra ao Irão de 70 mil milhões de dólares de petróleo. O contínuo e abrupto crescimento económico chinês fazem naturalmente aumentar as suas necessidades de petróleo e 2/3 das importações provêm de países do Médio Oriente, logo, esta região é de extrema importância para o crescimento chinês.
Este petróleo provém de Ormuz até Xangai atravessando um território de 1200km controlados pela marinha americana. Pequim tem encetado esforços para acabar com este controlo aliando-se com os Estados petrolíferos anti-americanos, sendo o Irão um deles.
Além deste interesse energético de grande relevância para o crescimento chinês, o Irão constitui-se de igual forma importante para a estabilidade política da província ocidental chinesa de Xinjiang. Esta província é estrategicamente importante, uma vez que possui 30% das reservas chinesas de crude, e cerca de uma dezena de biliões de m3 de gás natural. Neste caso, o Irão é de extrema importância dada a sua influência moderadora perante os muçulmanos separatistas desta região, assegurando o relativo apaziguamento das hostes radicais.
Por forma a proteger todo este pacote de interesses, a China vai fazendo o possível para impedir a intervenção do Conselho de Segurança da ONU sobre o programa nuclear iraniano, que a China ajudou e continua a ajudar a desenvolver, através dos avultados gastos na compra de petróleo iraniano.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas vem tentando aplicar sanções económicas e mesmo uma possível intervenção militar contra o Irão, nomeadamente americanos, ingleses e franceses. No entanto, China e Rússia têm-se mostrado pouco ou nada interessados relativamente a estas intenções (sabe-se lá porquê).
Um outro parceiro iraniano é a Rússia que parece renascida das cinzas após o colapso soviético.
Desligando-se das constantes pressões norte-americanas, assinou em Fevereiro de 2005 um acordo com o Irão para o fornecimento de 100 toneladas de combustível nuclear para a central de Bushehr, cujo primeiro reactor deveria ter entrado em serviço no final de 2006. No entanto, constantes entraves têm atrasado o seu funcionamento. Este acordo vem no seguimento de um anterior, assinado em 1995 para repor em funcionamento a já citada central nuclear.
Vladimir Putin ofereceu os serviços da Rússia para realizar a continuação do programa nuclear iraniano. Estes serviços traduzem-se em tecnologia e mão-de-obra científica.
Há ainda a salientar o contrato de 700 milhões de dólares relativamente á venda ao Irão de 49 mísseis terra-ar, supostamente destinados á defesa das centrais nucleares.
Este esforço iraniano de defesa pela indústria militar russa preocupa os EUA, uma vez que esta aliança não lhes facilita um possível ataque ao Irão. Apesar deste ser signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que prevê a possibilidade de desenvolvimento de energia nuclear para fins pacífico, o Ocidente, na pessoa dos EUA, receia que o programa nuclear iraniano tenha como objectivo o desenvolvimento de armamento nuclear o que destabilizaria ainda mais aquela região tão importante para o Ocidente, uma vez que nela se encontra o combustível para o desenvolvimento económico-militar do resto do globo.
À semelhança da China, também a Rússia dá o seu melhor para contrariar uma intervenção do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Estes três países, Rússia, China e Irão apesar de possuírem interesses diferentes, económico-energéticos e militares aliam forças para juntos afastarem os EUA da região do Médio Oriente e Ásia Central, abrindo assim espaço para que estes três países possam ascender á condição de potências regionais.
Escrito por: Joana Junqueira & Tiago Maurício
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