17 abril, 2008

A Revolução Islâmica - Os Últimos Dias do Trono do Pavão

Seguindo-se a estes eventos, os meses seguintes comprovaram a tendência já demonstrada ao longo de todo o ano de 1978. Apesar de todas as críticas tornadas slogans através das manifestações que reuniram milhões de iranianos nas ruas das principais cidades, a esta altura o que mais importava era a completa incapacidade do Shah fazer frente à oposição cada vez mais radicalizada, e nem um último fôlego de prisões políticas e religiosas em Dezembro fez alterar a evolução dos acontecimentos. Num óbvio declínio de poder, o Shah pede a Saddam Hussein, no Iraque, para deportar o Ayatollah Khomeini, esperando silenciá-lo e assim cortar a revolução pela raiz, antes que esta lhe removesse a ele do trono. Saddam anui, mas atraiçoa-o ao enviar o líder espiritual para Paris, onde as potencialidades das comunicações são vastamente superiores àquelas existentes no vizinho Iraque. Mais uma vez, um crasso erro táctico condena qualquer hipótese de sobrevivência do seu regime.

Assim, entre substituições nos cargos de chefia, declarações dos EUA a declararem o seu não envolvimento nos destinos políticos do Irão e o poder do clero shiita, ao Shah só lhe restava o exílio.

E assim foi, ao contrário de um relatório da CIA datado de Agosto de 1978 e entregue ao então Director Almirante Stansfield Turner, que apontava a estabilidade do regime do Shah para prolongar a sua duração por mais uma década; no dia 16 de Janeiro de 1979, o Shah saiu do país em direcção ao Egipto, levando consigo um avião de carga cheio de posses como roupa e joalharia é enviado em primeiro lugar, seguindo dois Boeings 707 dos quais o próprio Shah Reza Pahlavi controla os comandos de um deles. Segue-se o caos. Um país considerado o exemplo vivo do famoso livro de George Orwell 1984, o qual aborda o funcionamento de um perfeito Estado policial no qual só as forças de segurança pública trabalham na perfeição e prendem a sociedade num sistema de vigilância completa, cai por terra perante as multidões eufóricas.

No dia 1 de Fevereiro de 1979, o Ayatollah Khomeini é recebido por milhões de iranianos no aeroporto internacional de Teerão e por toda a cidade, estimando-se um total de quatro milhões de pessoas, que clamavam pelo Imam, e não simplesmente por Ayatollah ou Ayatollah-Uzma. Consumava-se a Revolução, e dava-se início ao processo de criação da tão desejada República Islâmica.

De seguida apresentamos um rol das principais mudanças que a Revolução Islâmica de 1979 provocaram tanto a nível interno como mundial.

No interior do Irão:
  • O derrube de um sistema monárquico que datava de à 2500 anos;
  • O estabelecimento de um governo islâmico baseado no Alcorão, na shari`a e na Escola de Ahlul Bait (A. S.), que diz respeito aos familiares do Profeta (S.A.A.S);
  • Expulsão dos conselheiros norte-americanos ;
  • Aniquilação da Savak;
  • Encerramento da Embaixada de Israel e estabelecimento da Embaixada da Palestina;
  • Adopção de uma nova bandeira com as inscrições “Allah-o Akbar” (Deus é Grande) que é repetida 22 vezes, 11 vezes em cada faixa. O número 22 foi escolhido uma vez que a Revolução Islâmica de 1979 derrubou o regime do Shah no dia 22 do 11º mês do calendário islâmico;
  • Encerramento das bases militares dos EUA no Irão;
  • Criação de milhares de fundações e centros islâmicos culturais na cidade sagrada de Qom e outras cidades;
  • Movimento de alfabetização;
  • Formação dos “Guardas da Revolução”, uma força paramilitar iraniana cuja estrutura é independente das forças armadas regulares;
  • Estabelecimento do movimento de construção, formado por milhares de jovens revolucionários e voluntários que construíram estradas, hospitais, escolas, plantações, centros sanitários, electricidade, água, e gás aos pontos mais distantes do país;
  • Condução do povo, em todos os aspectos, à auto-suficiência, inclusive à exportação – o Irão alcançou a auto-suficiência na produção de trigo, vindo a tornar-se exportador deste produto, enquanto que durante a era do Shah o país era um dos principais importadores;

Os feitos da Revolução no mundo:
  • O despertar dos muçulmanos em todo o mundo e o regresso à espiritualidade e ao pensamento islâmico;
  • Despertar da religião no mundo e retorno da fé e da religião à vida dos muçulmanos;
  • Expansão do pensamento islâmico;
  • A humilhação dos super-poderes perante os olhos dos oprimidos;
  • Apresentação de um modelo de doutrina política baseado na religião;
  • Retorno dos indivíduos ao Islão, especialmente à Escola de Ahlul Bait (A.S.), uma vez que o Íman Khomeini era um religioso educado nela;
  • Desenvolvimento da ideia pela procura de independência e liberdade em todo o mundo;


  • Prólogo

  • Introdução

  • O Irão da Pérsia aos Safávidas

  • O Islão na Pérsia

  • O Irão dos Safávidas ao Pahlavis

  • O Jogo do Petróleo

  • O Início da Relação Irão-Ocidente

  • O Irão na II Guerra Mundial

  • O Irão na Guerra-Fria

  • O Projecto Reformista do Shah

  • Um Desagrado Crescente

  • As Manifestações de Janeiro, 1978

  • O Incêndio de Abadan

  • A Sexta-feira Negra

  • Os Últimos Dias do Trono do Pavão

  • O Período Pós-Revolucionário

  • Conclusão e Bibliografia
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