De salientar que o Irão constitui o 4º maior produtor mundial de petróleo com valores na ordem dos 4,1 milhões de barris por dia, logo seguido da Arábia Saudita, EUA e Rússia. Possui ainda 10% das reservas mundiais comprovadas de petróleo e a 2º maior reserva mundial de gás, logo atrás da Rússia. Ao contrário do que seria de esperar, estas inegáveis vantagens económicas não se traduzem num efectivo e contínuo processo de desenvolvimento económico nacional.
A Revolução Islâmica de 1979, que constitui um marco importantíssimo de sublevação popular de matriz muçulmana contra um regime não representativo e subordinado aos interesses estratégicos norte-americanos, teve um profundo impacto na economia iraniana, uma vez que se verificou uma diminuição drástica do investimento internacional. Actualmente, o governo iraniano esforça-se por diversificar uma economia extremamente dependente do petróleo e procura atrair investimento estrangeiro ao criar um ambiente económico mais favorável através da diminuição das restrições e tarifas alfandegárias. Devido aos seus avolumados gastos militares e em tecnologia de ponta, este projecto económico parece-nos dificultado por uma má delimitação hierárquica de interesses estratégicos, que direccionam os dividendos obtidos dos mercados energéticos para matérias que apresentam pouco retorno económico ou avanço das infra-estruturas societais.
A economia iraniana é um misto de planeamento centralizado, propriedade estatal na indústria energética e outros grandes mercados, como de telecomunicações, agricultura tradicional, comércio e serviços privados.
O Irão moderno apresenta uma classe média sólida e uma economia em crescimento, no entanto, continua a sofrer com os altos índices de inflação (15,8%), com o desemprego (15%) e com os deficits orçamentais já crónicos. Um dado curioso é o facto de os bancos iranianos não praticarem o juro mas antes uma comissão, uma vez que, à semelhança de todas as instituições daquele país, também eles se regulam pela lei islâmica ou shari´a.
O maior empregador do país é o sector agrícola, dado que este é ainda de grande importância para o país, apesar dos grandes dividendos provirem da exportação de petróleo (80%) e gás natural. A agricultura iraniana é especialmente dedicada à cultura do algodão, trigo, cevada, tabaco, arroz e frutos (secos e frescos).
Em termos de principais exportações e de importações o panorama iraniano é o seguinte; exportações: petróleo (80%), produtos químicos e petroquímicos, caviar (proveniente do Cáspio), tapetes e frutos; importações: produtos alimentares, maquinaria, ferro e aço. Ao nível de destinatários das exportações nenhum dos restantes quatro países aqui implicados se afiguram como de grande relevância, no entanto, a Rússia representa 5,4% dos ganhos das exportações iranianas.
Muito distante de uma economia tradicionalmente desenvolvida e pós-industrial, o Irão é, paralelamente com outros países produtores de petróleo, um Estado que enfrenta um dilema de progresso. Por um lado, os sectores petrolíferos e de gás natural providenciam o grosso do seu PIB, dominando toda a sua economia e sendo-lhe quase exclusiva. Por outro, é incapaz de traduzir esses dividendos em projectos reformistas e de inovação que resultem numa real transformação da sua economia em direcção a uma participação mais qualitativa no sistema económico mundial. Assim sendo, encontra-se dependente de um recurso finito que apresenta elevados níveis de flutuação cambial derivados da especulação que caracteriza os grandes mercados de acções internacionais. Simultaneamente, a República Islâmica do Irão vê-se obrigada a importar produtos essenciais à sua subsistência pela inexistência de sectores agrícolas e industriais já existentes. É de esperar, pois, que de futuro sejamos capazes de observar a delimitação de um novo equilíbrio económico que estimule a produção doméstica, e assim nivele a sua dependência externa com vista a estabilizar a inflação, reduzir o desemprego, aumentar o PIB per capita, e favorecer, em termos genéricos, o bem-estar da sua população.
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