02 fevereiro, 2008

Olhar sobre o Mundo Islâmico Contemporâneo - Pragmáticos


Pragmáticos

Nesta categoria incluem-se aqueles que ao longo da sua infância foram objecto de uma espécie de socialização religiosa, isto é, encontram-se perfeitamente familiarizados com a cultura da Um´ma. Não obstante esta socialização, estes não são rígidos relativamente ao cumprimento dos preceitos islâmicos. São, não osbtante, mais adeptos de um Islão liberalizado e que atribui um maior enfoque ao diálogo entre culturas, famílias religiosas e diferentes entendimentos, não só do Alcorão, como também da própria concepção de Deus e do Sagrado.
Usualmente, a sua fé reduz-se a poucos princípios da moral, da ética e da espiritualidade veiculadas quer pelo Islão, quer por outras religiões.


Algumas Personalidades Proeminentes
Muhammad Anwar al-Sadat (1918 – 1981)
Na sua juventude, al-Sadat era um admirador do carisma do líder espiritual hindu, Gandhi, e de Adolf Hitler, pela sua posição anti-britânica que também partilhava.


Frequentou a Real Academia Militar, onde se tornou amigo íntimo de Abdel Nasser e se tornou um exímio mestre na arte da estratégia, sabendo, no decorrer da sua vida política, executá-la de acordo com os seus objectivos e conjuntura. Após a sua passagem por esta academia, alistou-se no Nasser`s Free Officers Movement, uma organização dedicada à libertação do Egipto do domínio Britânico e, quando em 1952, esta organização levou a cabo um Golpe de Estado contra o regime monárquico do Rei Faruk, que compactuava com os interesses britânicos, Nasser assumiu o poder. Dada a elevada confiança que depositava em Sadat, nomeou-o para diversos cargos de grande proeminência. Sadat assumiu o cargo de director e relações públicas do exército tal como a direcção do jornal controlado pelo governo, Al-Jumhuriyyah (A República).


Com a morte de Nasser em 1970, Sadat assumiu o cargo de Presidente do Egipto. A linha com que orientou a sua política externa não foi sempre a mesma, ou seja, tanto concretizava alianças com os soviéticos como com o Ocidente. Esta alternância estratégica valeu-lhe tanto o apoio árabe, como a hostilidade e o isolamento circunstanciais.
Na sequência do relativo sucesso da Guerra Israelo-Árabe de 1973, tornou-se um estadista popular e respeitado tanto na esfera interna como externa. Por outro lado, os Acordos de Camp David assinados em 1978 com Israel, onde o Egipto se comprometeu a estabelecer a paz com o seu vizinho, valeram a Sadat a hostilidade do mundo árabe, muito embora este acordo lhe tenha valido o Prémio Nobel da Paz juntamente com Begin (Primeiro-Ministro de Israel).


Referi no início que Nasser foi o grande mentor de Sadat, no entanto, este agiu de forma bem distinta do seu antecessor. Ao estreitar ligações com o Ocidente, possibilitou a abertura do seu país ao investimento estrangeiro, espelhado na entrada de multinacionais. Poder-se-á pensar que esta abertura trouxe a prosperidade económico-social para o Egipto. Contudo, não foi o que sucedeu; a inflação, o desemprego e a pobreza aumentaram. Perante este cenário, não surpreende o facto de Sadat ter sido assassinado em 1981 durante uma parada militar, um acto cometido por membros da Al-Jihad.


Relativamente à doutrina islâmica, Sadat, durante a sua governação, introduziu o Islão na Constituição do país, estabelecendo-a como religião oficial do Estado egípcio. Contudo, soube conjugar a religião islâmica com os interesses da nação egípcia, ou seja, tentou conciliar o facto de se tratar de um país muçulmano, onde a shari`a orientava a vida dos cidadãos, enquanto esta não se sobrepusesse ao ímpeto de desenvolvimento necessário ao país.

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