Zona 4: Indonésia e Filipinas
Em relação a esta zona, assiste-se a um revivalismo islâmico forçado, quero com isso dizer que, e à semelhança do que ocorre um pouco na zona 1, ambas acabam por sofrer os efeitos colaterais de um crescente maniqueísmo impelido pela conjuntura internacional, traduzido pela escolha da moderação ou pelo fundamentalismo, uma espécie de um nós (Um`ma) vs eles (Ocidente).
Porém, este maniqueísmo não é por certo benéfico, na medida em que faz desaparecer a passividade, ou seja, toda a retórica fundamentalista que defende o maniqueísmo recorrendo á jihad objectivando o florescimento do revivalismo da doutrina islâmica pode com este forçar de escolhas prevalecer e imperar.
Casos particulares:
Turquia: Nunca a Turquia foi tão europeia como hoje, mas se existe uma Turquia moderna virada para o Ocidente de igual forma existe uma conservadora, saudosa dos tempos em que o Islão era a lei. Desta forma, assiste-se a uma luta para provar quais dos dois mundos, Ocidente e Islão, representa melhor o espírito dos turcos.
Uma luta que persiste, apesar de já no século XIX os sultões terem percebido que a adopção das ciências e técnicas europeias afigurava-se como a única solução para contrariar a decadência do Império que se seguiu à derrota de 1683 em Viena, e de Mustafa Kemal (Ataturk) fundador da moderna República da Turquia ter ido ainda mais longe, como referi anteriormente aquando da sua caracterização como nacionalista dentro do revivalismo islâmico, designando o Ocidente como modelo de sociedade, adoptando então as leis suíças e italianas, o alfabeto latino e impondo o Estado laico, algo inédito no Mundo Muçulmano.
Na actualidade, e apesar de Rocep Erdogan e Abdullah Gul, respectivamente Primeiro-Ministro e Presidente da Turquia, ambos do AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento) procurarem atenuar o laicismo do Estado, a população turca tem dado mostras de um sentimento contrário. Ao seu lado estão as Forças Armadas que exercem um papel informal na política do país, autodefenindo-se como os Guardiães da natureza secular e unitária da República.
Tendo em conta a sua pretensão de uma futura adesão ao clube dos 27, uma Turquia laca, democrática e virada para o Ocidente é a única que convém tanto aos europeus como ao Mundo Islâmico, funcionando assim como uma alternativa ao Islão extremista. Será esta Turquia que precisa que lhe seja atribuído um lugar na Europa de forma a não caia nas malhas do Islão radical.
Índia: A sua Constituição prevê liberdade religiosa para todas as fés e crenças daí que nela sejam várias as religiões professadas, hinduísmo, sikismo, cristianismo, budismo, jainismo e o islamismo (cerca de 151 milhões de crentes de um total de 1.1 mil milhões de habitantes).
No entanto, tensões regionais e de castas continuam a perturbar e até mesmo ameaçar a postura laica e democrática de Índia.
Desde os ataques do 11 de Setembro, a Índia tem sido dos países mais atingidos pelo terror de inspiração islâmica, com alguns atentados a serem atribuídos à Al-Qaeda e aos grupúsculos (grupos formados por um reduzido número de activistas que compartilham uma mesma ideologia politica, geralmente radical) que nela encontram inspiração.
Caxemira, região de maioria muçulmana que Índia e Paquistão disputam desde 1947, surge, em regra, relacionada com estes atentados. Muitas das madrassas paquistanesas continuam a ensinar um Islão do género do que os talibã impuseram no Afeganistão servindo de inspiração para o projecto dos islamistas para Caxemira.
Milhares de combatentes islamitas que combateram contra os soviéticos aquando da invasão do Afeganistão em 1979, muitos treinados pela Al-Qaeda, encontraram aqui um novo terreno para a sua jihad.
Muitos indianos acreditam que o seu país, depois dos EUA e de Israel, constitui-se como o principal alvo de Bin Laden. Os fanáticos do Islão não toleram que 151 milhões de muçulmanos vivam numa Índia secular e democrática, não medindo esforços no sentido de destabilizarem determinadas regiões do país de modo a descredibilizarem o poder político.
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