Segundo alguns autores que se dedicam ao estudo das relações históricas entre os Estados Unidos e Israel, a existência de manifestações de apoio às aspirações do povo judeu de regressar a Sião podem ser localizadas à Presidência de John Adams (1797-1801). Afirmam, também, que Woodrow Wilson (1913-1921) defendia o regresso do povo judeu à sua terra bíblica. Wilson apoiou a Declaração Balfour (1917), assim como o fez o próprio Congresso norte-americano. É importante referir que tão precoce empatia com o povo judaico prende-se, em grande parte, com o factor religioso.
A influência do Velho Testamento nos Pais Fundadores da América e o legado espiritual que estes embutiram nas futuras gerações americanas. As escrituras hebraicas serviram de linhas orientadoras para o estilo do de vida dos Puritanos e de outros pioneiros que chegaram ao território hoje conhecido como Estados Unidos e que marcaram permanente o estilo de vida e mentalidade do povo americano. A herança religiosa dos Cristãos Americanos ajuda a assegurar a ligação que se mantém, até hoje, com o povo de Israel. A fé religiosa, temática com fortes raízes nos próprios presidentes ao longo do tempo, tornou-se um factor de apoio à causa judaica. Citando Jimmy Carter,
“I considered this homeland for the Jews to be compatible with the teachings of the Bible, hence ordained by God. These moral and religious beliefs made my commitment to the security of Israel unshakable.”
Administração Truman (1945-1953)
"I think we can safely say that if there had been no Harry S. Truman, there would be no Israel today."
Trygve Lie, ex-Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.
Onze minutos depois da Declaração de Independência de Israel, a 15 de Maio de 1948, o Presidente Truman declarou a existência de facto do recém formado estado judaico dando-lhe, desse modo, legitimidade diplomática e apoio político ao novo estado, abrindo caminho para que outros países fizessem o mesmo. É de destacar que esta decisão de Truman não foi do agrado de todos os membros da sua administração, sendo vivamente aconselhado, nomeadamente pelo Secretário de Estado George Marshall, a não o fazer pois tal iria alienar as relações futuras entre os Estados Unidos e os restantes países árabes do Médio Oriente.
Administração Carter (1977-1981)
Os anos da presidência de Jimmy Carter foram caracterizados por um activo envolvimento no processo de paz do Médio Oriente e, como tal, causou alguma fricção nas relações bilaterais entre os USA e Israel. Os Acordos de Camp David (1978), uma iniciativa de Carter, foram entendidos em Israel como uma forma de pressão por parte dos EUA para que os israelitas se retirassem dos territórios ocupados e para aceitar riscos à sua segurança em nome na paz com o Egipto.
Em 2006, Carter, laureado com o Nobel da Paz em 2002, escreveu um livro intitulado “Palestine Peace Not Apartheid” em que advoga que “"Israel's continued control and colonization of Palestinian land have been the primary obstacles to a comprehensive peace agreement in the Holy Land." - Para Carter, Israel promove uma política de Apartheid para com os territórios palestinianos. O livro citou tanto apoio com crítica pela sua frontalidade, dependendo, logicamente, de que lado ideológico a obra é analisada.
Administração Reagan (1981-1989)
O Presidente Ronald Reagan assumiu, desde o início da sua Administração, um apoio pessoal a Israel e as visões mantidas pelos líderes israelitas em matéria de terrorismo, cooperação, segurança, ameaça soviética, eram tão similares à do próprio Reagan que tal sintonia de ideias levou a um aumento exponencial das relações bilaterais entre ambos os países.
Durante o segundo mandato da Administração Reagan, as boas relações entre ambos foram consolidadas e Israel foi elevado ao estatuto de grande aliado dos Estados Unidos fora do contexto da NATO – posição esta que permitiu a Israel ter acesso a avançados sistemas de armamento. Contudo, o final da era Reagan teve um gosto amargo para os israelitas na medida em que a Administração deu início a um diálogo com a OLP em 1988. Não obstante esta última nota, as organizações judaicas americanas consideram a Administração Reagan como a mais pró-Israel de todos os governos na história dos Estados Unidos.
Administração H. Bush (1989-1993)
A relação entre a primeira administração Bush e os meios judaicos, tanto nos Estados Unidos como em Israel, não começaram da melhor maneira. Em 1989, o então Secretário de Estado, James Baker, disse à AIPAC que Israel deveria abandonar as suas políticas expansionistas, o que foi claramente mal recebido na comunidade judaica. O presidente George H. Bush levantou a ira israelita quando proferiu, numa conferência de imprensa, em 1993, que Jerusalém era um território ocupado e que a sua soberania não pertencia a Israel, como este aclamava. Os supra referidos Bush e Baker foram figuras decisivas para a Conferência de Paz de Madrid em 1991 e agiram incessantemente para que todas as partes se envolvem-se inteiramente nas negociações de paz que decorreram na capital espanhola.
Clinton Administração (1993-2000)
A Administração Clinton teve na política externa orientada para o Médio Oriente um dos pontos mais baixos dos seus oito anos de mandato na presidência americana. Quando o líder palestiniano, Yasser Arafat surgiu com a sua ideia de encetar uma “batalha por Jerusalém” isso reflectiu-se com um factor destrutivo nas negociações de paz entre israelitas e palestinianos que havia sido até então patrocinada pelos norte-americanos. Por outro lado, também Saddam Hussein mantinha manobras, bem sucedidas, em matéria de contornar as inspecções de armamento levadas a cabo pela Administração Clinton, assim como evitava as sanções económicas que os Estados Unidos lhe queriam impor. Hussein foi ainda mais longe nesta confrontação com os EUA, apelando a que todos os árabes ajudassem os palestinianos a destruir Israel. Denota-se aqui os erros de cálculo dos estrategas norte-americanos que, claramente, subestimaram as capacidades e o poder na região do então líder iraquiano.
Mais tarde, e já na recta final da governação Clinton, também a Cimeira de Camp David, em 2000 acabou por se provar um fracasso. Esta Cimeira foi, nas palavras de Henry Kissinger, “uma impetuosa tentativa de resolver todas as questões numa negociações de duração limitada”. Deste contexto advêm, também, as vozes de outros analistas que afirmam que a Administração sofria de uma falta de bases diplomáticas e que o Presidente subestimou as dificuldades e a complexidade envoltas na questão de Jerusalém. Em 2001, o Presidente Bill Clinton deu a entender que os seus esforços para construir uma paz duradoira na região tinha falhado e que caberia ao novo Presidente, continuar a árdua tarefa de apaziguar os ânimos no Médio Oriente.
Administração W. Bush (2001-2009)
Aquando do início de governação da Administração Bush, esta preferiu seguir uma linha de não envolvimento na questão do Médio Oriente, argumento que as partes deveriam diminuir as suas divergências antes que os EUA actuassem como mediador. Esta estratégia deveu-se, muito em parte, devido à memória ainda recente do desastre que a política da Administração Clinton se tinha provado. Em 2002, com a escalada da violência no Médio Oriente, a administração retomou o processo diplomático então adormecido. Imperativo é não esquecer o rumo da política norte-americana no pós-11 de Setembro de 2001, passando o terrorismo a ser a bandeira principal das acções – militares e diplomáticas – da Administração no estrangeiro, em especial no Médio Oriente.
Assistiu-se, igualmente, a uma certa incoerência das linhas geopolíticas de Washington delineadas para a região, situação que se ficou a dever as profundas diferenças de perspectivas dos altos cargos da Administração, nomeadamente entre o Secretário de Estado Collin Powell, de um lado, e o Secretário de Defesa, Donald Rumsfeld e o Vice-Presidente Dick Cheney do outro. Actualmente os Estados Unidos promovem soluções para o conflito através da sua participação no Quarteto para a Paz.
04 agosto, 2008
O Conflito Israelo-Palestiniano - As Administrações Norte-Americanas no Conflito
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