04 agosto, 2008

O Conflito Israelo-Palestiniano - Tratado de Paz entre Israel e Jordânia

No dia vinte e seis de Outubro de 1994, o Rei Hussein da Jordana e o então Primeiro-Ministro israelita, Yitzhak Rabin, assinaram um documento que persiste, mesmo depois da morte de ambos. No discurso proferido pelo Rei Hussein na fronteira entre Israel e a Jordânia, entre o Mar Morto e o Mar Vermelho, era patente um sentimento de esperança num futuro próspero nas relações entre estes dois países.

"Estes são os momentos em que vivemos o passado e o futuro. O formidável vale em que nos encontramos será o vale da paz. E o facto de nos reunirmos aqui para construí-lo e fazer com que floresça, como nunca ocorreu antes, procurando conviver como nunca antes, israelitas e jordanos, sem que ninguém tenha de vigiar as nossas acções ou observar os nossos esforços – tudo isto é então o nosso presente para os nossos povos e para as gerações futuras".

O motivo da cerimónia foi a celebração da paz entre os dois países. Assim, a Jordânia cumpriu as previsões, feitas durante anos pelos especialistas na política do Médio Oriente, de que seria o segundo país árabe a celebrar a paz com Israel, depois do Egipto aquando da celebração dos Acordos de Camp David em 1978. Nunca faltou vigor e independência à Jordânia, cuja sina sempre esteve estreitamente ligada à de Israel e da Palestina. A sua história foi marcada pelos esforços de entendimento com o Estado judeu.

Em 1948, ainda antes da fundação oficial de Israel, a posterior chefe do governo israelita Golda Meir visitou em Amã, capital da Transjordânia, o Rei Abdallah, avô do Rei Hussein, tentando convencê-lo a não participar da guerra iminente contra o novo Estado judeu. Naquela ocasião, Abdallah dera a entender que não teria nenhum interesse em tal guerra, mas que os compromissos pan-árabes o obrigavam a participar no conflito. A margem ocidental do Rio Jordão ficou sob o controle de Amã e o problema palestininiano passou a ser, assim, um problema directo da Jordânia – nome adoptado pelo país desde então.

Uma nova guerra – a Guerra dos Seis Dias, em 1967, mudou a situação: o Rei Hussein deixou-se convencer pelo Presidente egípcio Gamal Abdel Nasser de que o seu país deveria participar do novo conflito, pois estaria próxima a vitória sobre Israel. Em vez disso, veio a grande derrota e, com ela, a perda da margem ocidental do Rio Jordão e de Jerusalém Oriental.
Oficialmente, Hussein não abandonou a frente pan-árabe. Mas era conhecido o facto de que ele mantinha contactos secretos com políticos israelitas, a partir de 1967, tanto no exterior, como na região e, em 1971, uma clara advertência israelita à Síria impediu que o seu país fosse invadido pelas tropas sírias.

Quando o Egipto fechou o acordo de paz de Camp David registraram-se protestos em todo o mundo árabe e o governo do Cairo ficou isolado. O Rei jordano não ousou acompanhar o presidente egípcio Al Sadat nesse isolamento dentro da comunidade dos países árabes. Também a guerra do Líbano dificultou a decisão de um acordo com Israel, da mesma forma como a I Intifada, que teve início em 1987 e levou a Jordânia a abdicar da reivindicação de soberania sobre os territórios ocupados por Israel, em favor da OLP.

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