04 agosto, 2008

O Conflito Israelo-Palestiniano - As Organizações envolvidas no Conflito

No presente capítulo far-se-á uma sucinta mas esclarecedora explanação sobre os grupos radicais que se dedicam à luta pela causa palestiniana.
Os grupos a abordar serão os seguintes: OLP, Al Fatath, FPLP, FPLP-CG, Jihad Islâmica, Hezbollah, Hamas e as Brigadas de Al- Aqsa.


OLP

A Organização para a Libertação da Palestina foi fundada em Maio de 1964 durante o I Congresso Nacional Palestiniano, que teve lugar na cidade de Jerusalém. Esta organização surgiu então com o objectivo principal de coordenara a actuação política, económica e militar da resistência palestiniana.

A causa palestiniana precisava na altura de um corpo organizativo para fazer valer as suas reivindicações. Embora recebessem o apoio de vários países árabes, esses encontravam-se num estágio tanto ou mais desorganizado que as organizações a que prestavam auxílio. As Nações Unidas não conseguiam dar cumprimento efectivo ás resoluções que emanava, e as grandes potências como os EUA, a Grã-Bretanha e a França prestavam apoio à causa judaica, como que em sinal de compaixão pelo ocorrido na era nazi.

Foi então neste cenário que emergiu a OLP, que de imediato empreendeu esforços no sentido de contrariar e fazer frente ao Estado de Israel. Na reunião fundadora da OLP os delegados promulgaram também a Carta da organização, criaram o Fundo Nacional Palestiniano, destinado a financiar diversas operações, e estabeleceram o Exército de Libertação da Palestina.
Relativamente á Carta da OLP, o seu documento constitutivo, nela provinham acusações contra Israel e a sua ilegalidade enquanto Estado, ao mesmo tempo que objectivava a libertação da Palestina pela via armada.

Por conseguinte, em 1974, a OLP adoptou a ideia de um Estado independente entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. No ano de 1993, Yasser Arafat, líder da organização, num documento oficial endereçado a Ytzhak Rabin, Presidente israelita na altura, afirma a existência do Estado hebreu e um Palestiniano a conviverem lado a lado com algumas especificidades como fazer de Jerusalém Oriental a capital da Palestina e dar aos palestinianos o direito de regressarem à sua terra. Em resposta a Arafat, em Janeiro de 1994, Israel reconheceu a OLP como o mais alto representante do povo palestiniano.

Voltando um pouco atrás, Yasser Arafat, o até então líder da Al Fatah, que mais adiante será retratada, assumiu a chefia da OLP no ano de 1965. A ascensão de Arafat coincidiu com a radicalização do movimento, o que lhe traria sérias consequências.
Os líderes árabes ao sentirem a sua perda de influência sob a OLP optam por pressioná-la, uma vez que esta, através das suas acções, na sua grande maioria de carácter violento, colocavam em perigo os próprios territórios dos Estados árabes que lhe prestavam apoio logístico, económico e militar. A organização foi forçada a deslocar o seu “quartel-general” diversas vezes devido a pressões dos Estados que a acolhiam.

Voltando novamente atrás, em 1973, a OLP foi formalmente reconhecida como a única e legítima representante do povo palestiniano e no ano seguinte, em 1974, ganha assento como observador na ONU, através da Resolução 3237. Depois, em 1988, com a Declaração de Independência da Palestina, a OLP foi substituída pela designação única de Palestina, participando na Assembleia Geral das Nações Unidas desde 1998, sem direito de veto.

Em 1994, a Autoridade Nacional da Palestina assumiu muitas das funções anteriormente exercidas pela OLP. Esta passou então a ser como que um “guarda-chuva” integrando várias forças, entre as quais a Fatah, a FPLP, FPLP-CG, Jihad Islâmica, etc.


Al Fatah

A 25 de Novembro de 2006 a Fatah perdeu as eleições palestinianas para o partido Hamas. Conquistando apenas 45 lugares contra 74 do Hamas no Parlamento Palestiniano.
Desde então, ocorreram vários conflitos entre ambas as facções partidárias. Ao longo dos meses os partidos firmaram acordos, mas sem grandes efeitos práticos. Foi então que em Mãio de 2007, novos conflitos tiveram lugar na Faixa de Gaza levando o Presidente Mahmmoud Abbas a expulsar os membros do Hamas do governo coligado ficando a Fatah novamente como a principal força politica aos comandos da Palestina.

Bem, a Fatah constitui o maior partido político da Palestina é igualmente a maior facção da Autoridade Nacional da Palestina que se assemelha a uma confederação de facções que lutam pela libertação da Palestina. Em árabe a palavra fatah significa “conquista” ou “vitória”.
A Fatah não é reconhecida como uma organização terrorista por nenhum governo. Consiste num movimento palestiniano de ideologia nacionalista e foi fundado em 1954 por elementos da diáspora palestiniana sediados no Kuwait, como Arafat, um dos seus fundadores.
A Fatah tornou-se a força dominante na política palestiniana depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967. É precisamente no ano de 67 que a Fatah se junta à OLP e pouco tempo depois, Arafat torna-se o líder carismático da OLP. O seu actual líder é Mahmoud Abbas.


Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP)

É uma organização politica e militar de orientação marxista-leninista criada em 1967 por George Habash, um palestiniano licenciado em MEDINA,
Esta organização surgiu no contexto da Guerra dos Seis Dias com um carácter de movimento de resistência, que encontra na confrontação militar a sua via diplomática (ataques suicidas, carros bomba, assassínios, etc).

Com uma orientação marxista-leninista enquadrada no contexto árabe, tinha como grande objectivo a destruição do Estado de Israel, tal como o derrube das monarquias conservadoras existentes no Médio Oriente.
No ano de 1968 uniu-se á OLP, a principal organização do movimento palestiniano que na altura admitia o recurso á violência para alcançar os seus objectivos políticos. A FPLP tornou-se a segunda maior facção da OLP depois da Fatah.

A s primeiras crises no interior do movimento ocorreram em 1968, quando Ahmed Jibril separou-se do grupo para formar o FPLP-CG da qual falaremos mais adiante, e no ano seguinte, em 1969, nasceu a FDLP, liderado por Nayef Hawatmeh.
A década de oitenta trouxe consigo o declínio desta organização, como o aparecimento do grupo Hamas e com a queda da URSS, o grupo viu o seu número de simpatizantes reduzir-se e deixou de poder contar como apoio económico do colosso soviético.

No ano de 2000, George Habash, devido a problemas de saúde, foi substituído no seu cargo como chefe da organização por Abu Ali Mustafa que viria a ser assassinado em 2001 pelo exército israelita quando se encontrava no seu esconderijo em Ramallah. Ahmed Sadat passaria então a ser o novo líder, mas este acabaria por ser detido pela Autoridade Palestiniana sob pressão de Israel e dos EUA, por alegadas suspeitas de envolvimento no assassinato de Ytzahk Rabin O grupo passou então a ser liderado por Ahmed Jibril, antigo líder da FPLP-CG.


Frente Popular ara a Libertação da Palestina, Comando Geral

Esta organização foi fundada em 1968, por Ahmed Jibril após uma cisão na FPLP, com o objectivo de se centrar mais na via armada do que na via política por onde caminhava a FPLP.
A FLP-CG encontra-se ligada à Síria, onde tem a sua sede, ao Líbano, onde possui bases e á República Islâmica do Irão de onde provêm uma grande parte do seu financiamento. No ntanto, não se pense que as bases deste movimento restringem-se somente a países árabes, algumas cidades ocidentais também “incorporam” bases deste movimento.

À semelhança de quase todos as organizações que lutam pela libertação da Palestina, este movimento rejeita a via pacífica para a resolução do conflito e mantém-se do lado dos que se opõem veemente a Israel e a prova disso são os inúmeros ataques violentos contra alvos israelitas.

Ahmed viria a ser morto em 2002 em Beirute na sequência de um carro armadilhado a assim, muito do espírito da organização que liderava perdeu-se.


Jihad Islâmica

Esta organização radical islâmica encontra-se sediada na capital síria, Damasco, e acredita-se que os seus recursos financeiros, à semelhança da grande maioria das outras organizações radicais, provêm do Irão.

Este movimento tem como principal objectivo o estabelecimento de um Estão islâmico em toa a região da Palestina, ao mesmo tempo que rejeita a existência do Estado de Israel e combate-o militarmente. De salientar que esta facção terrorista opõem-se igualmente aos Estados árabes que se encontram alinhados com o Ocidente.

A sua base de apoio é algo modesta, dado que, e ao contrário do Hamas, não possui qualquer vertente social ou mesmo política, dedicando-se exclusivamente à via militar de cariz terrorista.
A Jihad Islâmica surgiu na década de 70, na Faixa de Gaza e tradicionalmente procura organizar ataques terroristas no aniversário da morte do seu líder, Fathi Shaqaqi, assassinado em Malta em Outubro de 1995.


Hezbollah – “Partido de Deus”

O Hezbollah foi fundado no ano de 1973 pelo Ayatollah Mahmmoud Ghaffari na cidade santa de Qom e teve como primeiro quartel-general a parte sul de Teerão.
Com o advento da Revolução Islâmica, os Partidários de Deus tornaram-se o braço popular do regime radical islâmico ajudando-o na eliminação das várias organizações que se opunham ao novo regime teocrático de Teerão.

A partir de 1982, cerca de vinte e cinco organizações radicais islâmicas foram integradas no Partido de Deus por ordem do líder espiritual o Imam Khomeini. É então neste ano de 1982 que se dá o nascimento oficial do Hezbollah no sul do Líbano que seria dirigido por Abbas Musawi.
O estabelecimento oficial do Hezbollah vem no seguimento da exortação de Khomeini à “exportação da Revolução”, de modo a expulsar o imperialismo ocidental da região do Médio Oriente. Este grupo radical composto por shiitas duodécimanos fortemente apoiado pelo Irão e pela Síria que serve de intermediária entre a fonte de financiamento e a base de operações, tem como objectivos fulcrais a criação de um Estado islâmico no Líbano, a destruição de Israel e reivindica a cidade de Jerusalém para o Dar-al-Islam.

Em 1992 o Partido de Deus obteve pela primeira vez assentos no parlamento libanês o que prova a sua forte enraização no seio da população do Líbano, fruto do forte pendor social que esta organização advoga, desenvolvendo actividades em áreas especificas, como na educação, religião, reconstrução de infraestruturas, agricultura, etc.
É de longe o movimento radical islâmico que mais ferozmente combate o Estado de Israel de forma violenta.


Hamas

A palavra hamas em árabe significa “zelo”, “coragem”, “entusiasmo”. Apresenta-se e funciona como um movimento de resistência islâmica que surgiu na sequência da I Intifada em Dezembro de 1987 na cidade de Gaza.

O movimento foi fundado por Sheikh Ahmed Yassin e por mais seis outros líderes do Centro Islâmico. Em 1988, a liderança do Hamas elaborou uma Carta constitutiva onde expunha a sua ideologia. A sua ideologia sustenta-se na ideia de que a questão palestiniana apenas poderá ser solucionada via jihad sagrada. De salientar que a Carta do Hamas e da OLP apesar de se assemelharem quanto aos seus objectivos e estratégias de luta, contêm elementos diferenciáveis. A Carta da OLP baseia-se mais em termos nacionais, civis e legais, enquanto que a do Hamas coaduna-se com princípios religiosos, sem qualquer hipótese de se proceder a emendas ao texto original, já a Carta da OLP prevê que estas possam ocorrer.

A actividade militar do Hams é levada a cabo pelo seu braço armado, as Brigadas de Al-Qassam, que se congratula com a organização de atentados à bomba contra forças israelitas. À semelhança do Hezbollah, o Hamas possui uma forte actividade social o que confere uma grande dose de popularidade principalmente nos territórios ocupados e em Gaza.

O seu fundador, o Sheikh Yassin foi morto numa operação militar levada a cabo por forças israelitas em Março de 2004, e o seu sucessor foi igualmente morto em Abril do mesmo ano. Foi só após a morte do carismático Yasser Arafat, que o Hamas encetou esforços no sentido da participação activa nos processos eleitorais.

Os dirigentes do Hamas apostaram na importância que o seu movimento conquistou na sociedade civil e venceu as eleições legislativas de 2006. Esta foi uma vitória, segundo o Hamas e o seu eleitorado, contra a corrupção, o cinismo e a falta de estratégia da Al Fatah que dominou e continua a dominar o movimento palestiniano. No entanto, o governo de coligação entre estas duas facções romperam o seu acordo em Maio de 2007 e pouco tempo depois o Hamas forçou a tomada de poder na Faixa de Gaza, obrigando Mahmmoud Abbas a destituir o grupo rival do governo. Os dois grupos mantêm-se no poder mas em territórios distintos.

O actual líder do Hamas, Khalled Mashaal encontra-se exilado em Damasco e daí tenta inverter a escalada de violência e o embargo económico que foi instituído á Faixa de Gaza pelo governo de Israel.


Brigadas de Al-Aqsa

Este movimento emergiu após a II Intifada em 2000, mais precisamente em Setembro de 2001 e constitui-se por diversos grupos armados autónomos que resolveram unir-se para obterem uma maior notoriedade.

À semelhança doe outros grupos radicais, luta no sentido de ver a criação de um Estado palestiniano independente e que possa viver em paz sem o Estado hebreu por perto, ou seja, também veicula a destruição de Israel.
As Brigadas colaboram regularmente com outros movimentos com maior base militante na promoção de atentados terroristas.

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