Evidenciadas as principais directrizes que animarão este trabalho, é agora tempo de identificarmos os principais tópicos que nos guiarão no estudo do Conflito Israelo-Palestiniano. Decidimos organizar a exposição da seguinte forma:
Uma terra de estrangeiros e palestinianos
Compreende todo o período anterior a 1948, e aborda as principais tendências sócio-económicas e políticas patentes no território desde a Guerra da Crimeia, evento que marcou decisivamente a abertura do Império Otomano à influência europeia, não só em termos comerciais, mas também no conjunto de reformas políticas que permitiram uma maior participação das comunidades cristãs aí existentes, e acolhimento de outras comunidades europeias no território.
A fundação do Estado de Israel
De inquestionável importância, a fundação do Estado de Israel no ano de 1948 surgiu como um resultado já previsto e de certa forma planeado, e cujas origens podemos traçá-las à Declaração Balfour de 1917. Esta declaração, que tira o nome ao então Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido – Arthur James Balfour –, ela admitia a possibilidade de uma independência política do território da Palestina face à potência administrativa – o próprio Reino Unido. É então que começam os primeiros grandes comícios internacionais a favor da causa sionista.
A guerra pela independência
Seguindo-se um período de afirmação do novo Estado perante a comunidade palestiniana, apoiada por diversos grupos árabes da região, os primeiros anos de existência de Israel foram férteis em conflitos armados que desde então pautaram grande parte da política externa israelita. Desta forma, é crucial o desempenho nesta primeira prova de forças, pois seria interpretada como um teste à resistência, força, e alianças externas favoráveis a Telavive.
O problema do reconhecimento internacional
Como a qualquer entidade política recém formada, o problema do reconhecimento internacional do Estado de Israel surge como prioritária na definição da sua agenda de política externa. Num período particularmente conturbado, com a Guerra-Fria a assumir-se como uma força política que hostilizaria a sociedade internacional em dois blocos antagónicos, o jogo de forças a desempenhar por Israel numa região como o Médio Oriente afigurou-se pertinente aos mais variados níveis, dos quais ressaltamos as Nações Unidas. Assim sendo, neste capítulo faremos uma breve análise conjuntural dos vários problemas que as novas lideranças em Israel enfrentavam após a vitória militar em 1949.
A Crise do Suez
O Egipto, como teremos a oportunidade de observar, constitui um importante actor regional no Médio Oriente. A certa altura governado por um líder que detinha simultaneamente o poder na Síria, desenvolveu-se um interessante eixo dinâmico entre Damasco, Telavive e Cairo. Consequentemente, será da maior importância analisarmos a importância geopolítica deste conflito, assim como o papel que as grandes potências da época tiveram na sua resolução, pois envolveu uma multiplicidade de factores que ultrapassavam o simples combate a Israel.
A Guerra dos Seis Dias
Com este conflito relâmpago, a superioridade militar e a persistência Israelita em fazer frente a todos os inimigos, reais ou potenciais, era reiterada perante a inércia da sociedade internacional e incapacidade da Liga Árabe.
A Guerra Yom Kippur
Durante o feriado religioso, uma coligação liderada pelo Egipto e pela Síria decide alancar um derradeiro ataque sobre Israel, pretendendo a sua total destruição por um ataque proveniente de todas as direcções, o qual as forças armadas sionistas conseguiram ultrapassar com relativa facilidade, não obstante os significativos avanços árabes.
Os Acordos de Camp David
Após o conflito, a administração norte-americana logo percebeu que não mais se poderia abstrair de um diálogo alargado aos restantes países vizinhos a Israel, e que para vingar alguma estabilidade na região, eram necessários compromissos que assegurassem de certa forma um controlo das partes envolvidas. Reduzindo substancialmente o espectro da ameaça a actividades terroristas patrocinadas por algumas facções políticas, o Acordo de Camp David simbolizou um novo período no relacionamento entre os EUA e Israel, um que viria a observar a adição de novos capítulos à medida que novas problemáticas e novas conjunturas emergiam.
A Guerra do Líbano
Mais uma guerra no serial Israelita, esta teve a particularidade de mesclar elementos de guerra inter-estatal com dinâmicas de conflito de baixa intensidade com o objectivo de “desminar” o terreno alheio por elementos da OLP que, a partir de Damasco, organizavam as suas incursões sobre a fronteira Norte de Israel, com o apoio Sírio e Iraniano.
Início da I Intifada
As Intifadas representam períodos de especial conflitualidade entre os partidários da OLP contra os “ocupantes” Israelitas. Através de uma mobilização generalizada da população palestiniana, estes conflitos de baixa intensidade mas de grande transtorno político e social, é responsável por algumas das maiores atrocidades que incutiram uma maior hostilidade entre os beligerantes. Por sucessivas demonstrações de força, quer palestinianos quer Israelitas avançam irredutivelmente em direcção a limites de convivência que comovem e atraem a atenção de toda a comunidade internacional.
A Conferência de Paz de Madrid
Sendo as primeiras negociações bilaterais com os mais altos dignitários das partes envolvidas no Conflito Israelo-Palestiniano, estas conferências foram organizadas pelo governo espanhol sob o patrocínio quer dos EUA quer da URSS. Convocando também participantes egípcios, sírios e jordanos, as mesmas consagraram um certo modus operandi que viria a caracterizar as negociações de Oslo, poucos anos depois.
Os Acordos de Oslo
Estes acordos são tidos como o evento no qual a facção palestiniana reconheceu tacitamente o direito de Israel a existir. Com a presença de Yasser Arafat e Yitzhak Rabin, juntamente com Bill Clinton e um representante da Rússia, é nestes acordos que se baseiam as actuais negociações para um cessar-fogo e projecto de resolução do conflito israelo-palestiniano.
A II Intifada
Com início no ano 2000 com o célebre massacre de 29 de Setembro, marca o recomeço de um novo período de violência que varre as ruas de Israel e da Palestina, numa época em que a agenda da comunidade internacional afasta-se definitivamente desta problemática em prol da Guerra ao Terrorismo. As negociações internacionalmente patrocinadas não surtem, pois, qualquer tipo de efeito.
As Organizações envolvidas no conflito
Neste capítulo far-se-á uma análise das principais organizações que actuam ou actuaram num qualquer momento temporal no Conflito Israelo-Palestiniano. Desde a OLP ao Hamas, passando pelo Hezbollah e Al-Fatah, serão enunciados todos os grupos cujas actividades e influência foi, de certa forma, determinante no evoluir dos acontecimentos referidos ao longo deste trabalho.
Os Estados Unidos da América no Conflito Israelo-Palestiniano
Como não poderia deixar de ser, será relevante de mencionar a influência que quer os EUA quer a URSS, embora com gradações e níveis de compromisso com as partes envolvidas, tiveram estas duas superpotências que dominaram o período da Guerra-Fria. Exercendo o duopólio do poder internacional, o Conflito teve pois as suas imediatas ou mediatas interferências no jogo entre “os Grandes”.
Conclusão
Por último, faremos as devidas contemplações àquelas que são as actuais reivindicações por parte dos palestinianos e as respostas que encontram junto dos israelitas. Abstendo-nos de profetizar qualquer “roteiro para a paz”, assumiremos tão só que qualquer negociação com vista à resolução do conflito terá necessariamente que lidar com estas reivindicações.
04 agosto, 2008
O Conflito Israelo-Palestiniano - Introdução
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário