Do lado palestiniano, um dos métodos mais usados foi o dos bombistas suicidas. Os alvos destes são geralmente civis Israelitas ou pontos de controlo. Qual a razão para que este método tenha ganho tanto relevo nos últimos anos? Para além das questões sociais e culturais, que se prendem com o facto de haver muitos dispostos a morrer pela causa e de acreditarem numa recompensa no além pelo seu sacrifício há também que ter em conta que esta é uma “arma dos pobres”, dos que não possuem tecnologia de ponta para fazer face a um inimigo poderoso e bem equipado. Os alvos preferenciais dos bombistas são civis ou pontos de controlo. O seu objectivo é desmoralizar a sociedade israelita e mostrar-lhes o custo da sua insistência em manter os territórios palestinianos sob ocupação. Um líder da Autoridade Palestiniana disse numa reportagem sobre bombistas suicidas que os pontos fortes de Israel eram o seu apoio externo e a sua tecnologia, e que o seu ponto fraco era a sua segurança interna e que obviamente o seu objectivo era atacar aquela que era a fraqueza do inimigo. Recentemente, houve também ataques suicidas perpetuados por crianças, o que foi condenado veemente tanto pela ONU e ONG's tais como Human Rights Watch e Amnistia Internacional, bem como pelos restantes países árabes. O ataque perpetuado pelo mais jovem bombista suicida ocorreu em 2002, pelas mãos de Issa Bdeir, de apenas 16 anos. Nesse mesmo ano foi também interceptada uma ambulância do Crescente Vermelho, que transportava explosivos.
Porém, embora a imagem mais mediatizada sobre a resistência palestiniana seja a de jovens a atirar pedras e os resultados da acção dos bombistas suicidas, nem só de acções violentas se compõe a resistência palestiniana. Alguns grupos, tais como o “Palestinian Center for Rapprochement” encorajam e organizam protestos não violentos. Outros, tais como o “International Solidarity Movement” advogam, em simultâneo, a resistência pacífica e violenta.
Algumas actividades de resistência pacífica são conduzidas em conjunto com Israelitas e estrangeiros. Exemplos desta cooperação são os protestos levados a cabo semanalmente em várias aldeias palestinianas contra a construção do Muro.
Do lado israelita, houve várias tentativas de conter os revoltosos, ao mesmo tempo que se tentava limitar ao máximo as baixas militares. É de ter em conto que o IDF actua sobretudo em áreas urbanas, centro de concentração dos revoltosos, e que o equipamento e artilharia pesada que lhe são fornecidas levam frequentemente a baixas civis. Também era frequente a instalação de Torres de franco atiradores na Faixa de Gaza e na Margem Ocidental.
Até Fevereiro de 2005 Israel, numa tentativa de desencorajar os bombistas suicidas, demolia as casas onde estes viviam. Devido ao grande número de casas que foram demolidas e às consequências para as famílias, este método tornou-se cada vez mais controverso e chegou-se à conclusão que não era uma táctica eficaz o suficiente para compensar os danos que causava à imagem de Israel. A verdade é que a vigilância das famílias aumentou no período em que esta lei estava em vigor, levando a que estas fornecessem informações ao IDF quando julgavam haver a probabilidade de um dos seus membros se tornar num bombista suicida, embora elas se arriscassem a sofrer represálias por colaborarem com Israel.
Outras técnicas muito em voga do lado israelita são as detenções em massa. Estima-se que, em qualquer momento, estejam mais de 6000 palestinianos detidos em prisões Israelitas, a maioria deles presos de forma temporária.
Também os chekpoints Israelitas que dividem a maioria das cidades palestinianas se tornaram recorrentes. Segundo Israel trata-se de medidas de segurança, para evitar o tráfico de armas. Porém, a percepção que palestinianos, ONG's e alguns civis Israelitas têm deles é de que são excessivos, humilhantes e que provocam dificuldade no fornecimento de alimentos e medicamentos. Pode-se ter de aguardar durante horas num destes postos de controlo até que finalmente a passagem seja autorizada. Tendo em conta que há pessoas que têm de o fazer todos os dias para ir trabalhar, facilmente se imagina a revolta que isto causa à população palestiniana.
Também a imposição de recolher obrigatório se tornou prática corrente. A justificação oficial é de que este apenas é usado para protecção da população.
O “target killing” ou seja, o assassínio de líderes proeminentes e militantes envolvidos em ataques contra Israel ou que se julgue estarem em vias de os cometer levou a protestos internacionais. Muitas vozes críticas afirmam que este método não é mais do que assassínio extra-judicial e que põe em risco civis inocentes. Mas há também quem diga que se tratam de medidas de auto-defesa e de prevenção perfeitamente legitimas e que ajuda a preservar a vida de civis que poderiam vir a ser alvo destes ataques. Israel afirma que não é de modo algum a sua intenção por em risco a vida de civis palestinianos, mas que eles são usados como escudo pelos terroristas.
O Programa Nuclear Israelita
Embora Israel nunca tenha admitido ter armas nucleares, são poucos os que duvidam da sua existência. Como Israel nunca assinou o Tratado de não proliferação de armamento nuclear, não está sujeito a inspecções da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). No entanto, à medida que a atenção dedicada ao programa nuclear Iraniano aumenta, também aumenta a pressão internacional para que Israel declare abertamente se tem ou não um arsenal nuclear e qual a sua capacidade. Também em conferências internacionais sobre um Médio Oriente livre de armas nucleares, os seus vizinhos árabes insistem em chamar à atenção sobre o caso israelita.
Desde os anos 60, quando se ouviu falar pela primeira vez sobre o reactor nuclear de Dimona, no deserto de Negev, que a especulação sobre qual a capacidade nuclear real de Israel tem sido intensa. Esta aumentou ainda mais quando, em meados dos anos 80, Mordechai Vanunu, antigo técnico nuclear no reactor de Dimona, deu uma entrevista a um jornal britânico. Na sequência desta entrevista foram revistos em alta o número de ogivas que Israel poderia ter. Chegou-se mesmo a especular que o seu número poderia atingir as 200 e Israel foi declarado como a sexta maior potência nuclear. Estas ogivas poderiam ser lançadas tanto por via aérea, terrestre ou marítima. Alguns peritos, como os da Federação Americana de Cientistas, dizem que estas terão capacidade de alcançar a Líbia, o Irão, e até a Rússia.
Porém, antes que Vanunu pudesse entrar em mais detalhes, ele foi atraído até Roma por uma agente secreta israelita, sob o pretexto de se querer encontrar ai com ele. Pouco depois da chegada, ele foi drogado e enviado de volta a casa, onde foi condenado a 18 anos de prisão, onde ainda permanece. Ariel Sharon chegou a testemunhar no seu julgamento, argumentando que a sua conduta tinha prejudicado a segurança de Israel. Mas também disse que a suspeita e a incerteza sobre a real capacidade nuclear do seu país são construtivas, pois aumentam a capacidade de dissuasão. Era igualmente este o raciocínio de Cohen: a dissuasão só funciona caso a capacidade que causa essa mesma dissuasão seja conhecida e temida pelo adversário. Assim o governo israelita segue uma política de ambiguidade nuclear, não negando nem confirmando oficialmente a existência de tal arsenal, e em certos momentos até “encorajando” rumores sobre este. Segundo Charles Fergusson, do Council of International Relations, esta ambiguidade traz a Israel uma dupla vantagem: tem a capacidade de dissuasão que lhe advém de ser julgado como uma potência nuclear, e evita potenciais sanções internacionais por não se assumir abertamente como tal.
Não há provas de que Israel tenha alguma vez efectuado testes nucleares, mas suspeita-se que uma explosão ocorrida no Oceano Indico em 1979 e captada pelo satélite americano Vela tenha sido provocada por um teste nuclear conjunto entre Israel e a Africa do Sul. É também possível que Israel tenha recebido os resultados dos testes nucleares que a Franca efectuou nos anos 60.
Israel demonstrou pela primeira vez estar interessado num programa nuclear quando em 1949 realizou estudos geológicos que duraram dois anos no deserto de Negev, com o propósito de encontrar urânio. Em 1952 foi criada a Comissão de Energia Nuclear. No ano seguinte já tinha sido aperfeiçoada uma técnica para extracção de Urânio encontrado no deserto Negev, bem como um novo método de produção de água pesada (que é usada para o resfriamento do reactor atómico), o que tornava Israel auto suficiente no que diz respeito à produção de alguns dos mais significativos materiais nucleares. Quanto à construção do reactor, julga-se que Israel pode contar com a ajuda da França, aliado e patrono principal deste nos seus primeiros anos de existência. Há pouco veio a público que o Reino Unido tinha vendido material a uma empresa italiana, que por sua vez o vendeu a Israel. Porém, o Reino Unido sabia perfeitamente que o destino final do material era Israel.
O interesse de Israel em aceder a armas nucleares pode ser justificado pelo ambiente hostil em que o Pais está inserido e ao facto de se especular que alguns dos seus vizinhos possam ter produzido armas biológicas e químicas. Com a chegada ao poder de Ahmedinejad e as suas afirmações de que pretende erradicar Israel do mapa, a opção nuclear tornou-se, aos olhos de muitos israelitas, não só justificada como imprescindível.
O Complexo de Diamona foi descrito como uma fábrica de têxteis e um centro de pesquisa metalúrgica até que, em 1960 o Primeiro-Ministro Ben-Gurion afirmou tratar-se de centro de pesquisa nuclear para fins civis. Os EUA sempre afirmaram ter reservas quanto à construção deste reactor, e nos anos 60 vários inspectores americanos que visitaram Diamona, afirmaram não ser possível ter uma percepção exacta das actividades neste centro de pesquisa. No entanto, afirmaram claramente que não havia nenhuma actividade de pesquisa ou fins civis que justificassem um complexo tão grande. Porém, também não encontraram provas claras de nada relacionado com armas nucleares. Em 1968 a CIA concluiu num dos seus relatórios que Israel tinha certamente começado a produzir armas nucleares, e que é provável que tal tenha acontecido logo após a guerra dos seis dias. Um relatório da CIA do inicio de 1967 já afirmara que Israel tinha as componentes necessárias para conseguir produzir uma bomba nuclear no espaço de 6 a 8 semanas, e alguns especialistas chegaram mesmo a sugerir que Israel já tinha bombas prontas a usar durante a guerra dos seis dias.
Os Estados árabes já manifestaram a sua preocupação relativamente ao programa nuclear israelita e à política de “dois pesos e duas medidas” levada a cabo pelos EUA, que ignoram o avanço ao nível do armamento nuclear por parte de Israel, enquanto por outro lado acusam a Síria e o Irão de serem uma ameaça à paz devido aos seus programas nucleares. O presidente da AIEA, Mohamed El Baradei, tem pressionado Israel para que este assine o Tratado de não proliferação nuclear, acabe com a produção de armas nucleares e invista seriamente no dialogo com os outros países da região em nome da paz e para evitar uma corrida ao armamento. Segundo El Baradei: “ O meu receio é que, sem tal diálogo, haja um incentivo contínuo para os países da região desenvolverem armas de destruição maciça para se equipararem ao arsenal israelita”.
Em 1998 o antigo Primeiro-Ministro Shimon Peres disse que Israel “construiu uma opção nuclear não para ter um Hiroshima, mas para ter um Oslo”. A expressão “opção nuclear” tanto se pode referir a armas nucleares como ao reactor nuclear de Dimona, se bem que o mais provável é que se trate da primeira.
Quando falamos de Israel temos de ter em mente o seu tamanho reduzido, o que traz consigo falta de profundidade estratégica, que tenta compensar através de superioridade tecnológica. Assim, segundo alguns estudiosos, a sua estratégia baseia-se fundamentalmente na dissuasão. Caso esta falhe o seu objectivo será o de tentar vencer a guerra fora das suas fronteiras e em último caso recorrer à “Opção Samson”, que consistiria numa retaliação com armas nucleares. Embora se vejam as armas nucleares como a garantia final da segurança e existência de Israel, a verdade é que este também não descurou o armamento convencional.
Segundo Avner Cohen, o que poderia levar Israel a usar o seu poderio militaria seria:
- 1- Uma penetração militar bem sucedida por parte de Estados árabes em zonas populosas dentro das suas fronteiras pós 1945.
- 2-A destruição da força aérea israelitas.
- 3-A exposição das suas cidades a ataques aéreos devastadores e em larga escala ou a exposição a possíveis ataques químicos ou biológicos.
- 4- O uso de armas nucleares contra o seu território.
Cada um destes pontos era considerado uma ameaça tal à existência do Estado de Israel contra a qual este só se podia defender através do recurso a armas nucleares, e que este recurso seria justificável política e moralmente.
Mas a estratégia nuclear israelita não se baseia somente em ter acesso a armas nucleares, mas evitar que os seus vizinhos árabes obtenham essas mesmas armas. É também nesta lógica que se enquadra o ataque ao reactor nuclear de Osirak, no Iraque.
Ehud Olmert
Este é o homem que ocupa actualmente o cargo de Primeiro-Ministro de Israel, desde o dia 4 de Janeiro de 2006, na sequência da retirada de Ariel Sharon vítima de um derrame cerebral. A par deste cargo, Olmert ocupa igualmente a chefia do Ministério das Finanças, da Indústria, do Comércio, do Trabalho e da Administração do Território de Israel.
Olmert nasceu a 30 de Setembro de 1945 no, ainda, território sob mandato britânico da Palestina. Graduou-se em Filosofia, Psicologia e Direito pela Universidade Hebraica de Jerusalém, exercendo a profissão de advogado com sucesso em terras hebraicas.
Olmert foi eleito pela primeira vez para o Knesset, pelo Partido Kadima, em 1973, com apenas vinte e oito anos. Entre os anos de 1981 e 1988 foi membro do Comité de Negócios Estrangeiros e de Segurança, servindo também nos Comités das Finanças, da Educação, do Orçamento e da Defesa.
Foi como Presidente da Câmara de Jerusalém, entre 1993 e 2003, que ganhou notoriedade, empenhando-se com afinco no desenvolvimento de projectos que visaram a melhoria da educação, das infra-estruturas e das rodovias.Estes dez anos à frente da cidade de Jerusalém deram-lhe o reconhecimento de que precisava para as eleições do ano de 2003. Após as legislativas de 2003 foi apontado como vice-Primeiro-Ministro, ao mesmo tempo que acumulava mais uns quantos ministérios.
Apesar de inicialmente adoptar uma postura céptica e até mesmo intransigente relativamente á questão palestiniana, dado que votou contra os Acordos de Camp David, apoio posteriormente a retirada da Faixa de Gaza.
Olmert encontra-se aberto a negociações, dado que o seu partido, o Kadima, defende como objectivo prioritário o avanço no processo de paz com os palestinianos. No entanto, a tarefa não se afigura nada pacifica dadas as constantes acusações de corrupção, assédio sexual que assombra ao seu mandato. Contudo, os constantes encontros como o também moderado Mahmoud Abbas e ilustres figuras da política internacional como Condoleezza Rice, Tony Blair ou Sarkozy.
04 agosto, 2008
O Conflito Israelo-Palestiniano - As Intifadas e o Programa Nuclear Israelita
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